Não basta só abrir os olhos para se dar conta daquele cantinho do paraíso. Para desfrutar de todas as maravilhas das cinco ilhas do arquipélago de Abrolhos (BA) – Santa Bárbara, Sueste, Redonda, Guarita e Siriba - é necessário estar com todos os sentidos em estado de alerta. Os ouvidos deverão estar antenados para curtirem o barulho relaxante das pequenas ondas de um mar calmo, de águas cristalinas e rasas. A boca cuida dos prazeres da boa cozinha à bordo de algum catamarã ou barco. Mas são os olhos sem dúvida que levam a melhor: tartarugas, corais, chapeirões, badejos quadrados, naufrágio e atobás. Isso tudo sem falar na famosa baleia jubarte, que faz a festa dos turistas e pesquisadores durante julho a novembro, quando procura as águas mornas de Abrolhos para a reprodução.
A beleza natural das ilhas, os pássaros raros (as fragatas, grazinas, beneditinos e atobás), o pôr-do-sol exuberante e a riqueza da fauna marinha de Abrolhos não ficam devendo nada para Fernando de Noronha (RN), o seu rival mais famoso e segundo Parque Nacional do país. Recebendo uma média de 15 mil turistas por ano, as cinco ilhas compõem o primeiro Parque Nacional Marinho dos Abrolhos, criado em 1983, junto com o Parcel de Abrolhos – onde o navio italiano Rosalina, filé mignon dos mergulhadores, afundou em 1939 – e o recife das Timbebas. Área de preservação ambiental do Ibama desde 1987, Abrolhos oferece vários atrativos que valem as 11 horas de viagem de carro para quem sai do Rio de Janeiro em direção a Caravelas, uma das cidades baianas que faz a ligação com as ilhas. Local com a maior biodiversidade marinha de todo o Atlântico Sul, Abrolhos reúne 95 espécies de peixes, mais de 700 baleias jubartes, 16 espécies de corais, inclusive o conhecido coral Cérebro (Mussismilia brasiliensis), os recifes de corais, denominados chapeirões, que crescem no fundo do mar em colunas na forma de imensos cogumelos, além de três espécies de tartarugas.
Engana-se quem espera encontrar pequenas lojinhas de artesanato, pousadas aconchegantes e um mínimo de small town life em Abrolhos. As principais atrações para o turista são proporcionadas pela própria natureza e incluem o mergulho autônomo no mar cristalino de Abrolhos, de temperaturas que variam de 24 a 28 graus, uma verdadeira aventura submarina e uma terapia antiestresse para aqueles que querem descobrir um cativante e novo mundo à parte da agitação da atual era da Internet. Os passeios ecológicos pelas ilhas de Siriba ou Redonda, as únicas permitidas pelo Ibama para a visitação, também são pedidos obrigatórios que completam o prazer do mergulho. Na Siriba, um guarda parque do Ibama recebe o turista para rodar a pé a ilha e conhecer o habitat do atobá branco e das grazinas, espécies de pássaros mais comuns na ilhota. Com o seu bico fino amarelado e com uma lista azul a baixo dos seus grandes olhos esverdeados, o atobá branco é facilmente reconhecível no seu ninho. Tanto o atobá branco como o marrom convivem em paz com as cabras, trazidas pelo homem na década de 70 para abastecer embarcações e agrupamentos da Marinha, dona da principal e maior ilha de Abrolhos, a Santa Bárbara.
Para quem vai para mergulhar – diga-se de passagem, o melhor pedido de Abrolhos, principalmente para os iniciantes -, o Ibama já entrega o seu manual de bom comportamento na chegada do turista á Santa Bárbara, também um dos principais pontos para o mergulho, no local conhecido como Mato Verde. Quem estiver muito ansioso para pisar em terra firme logo de cara é melhor se preparar antes, porque visitas à Santa Bárbara só são permitidas com autorização prévia da Marinha. Depois de pagar uma taxa de R$ 20 para o Ibama, é melhor prestar atenção às regras para o mergulho para depois não pagar mico - ou multa mesmo! Entre as recomendações principais do Ibama, estão a proibição de desembarque e mergulho nas ilhas Sueste e Guarito, o piso nos corais no fundo do mar, a molestação dos peixes e a caça submarina (ver mais no quadro). De fato, a rigidez do Ibama não é à toa: já foram detectados várias espécies de animais em extinção, com os frades e as aves marinhas. As baleias jubarte, por sua vez, já viveram dias piores. Trabalhos de conscientização promovidos por ONGs e pelo Projeto de estudos Baleia Jubarte conseguiram reverter a tendência de extinção das baleias. Se em 1989 contavam-se 150 baleias na região, hoje mais de 700 são identificadas por estudiosos. Durante julho a novembro, quando elas aparecem, é inclusive permitido ao turista fotografar os movimentos acrobatas das baleias, mas desde que seja a uma distância de 100 metros.
Além do Mato Verde na ilha Santa Bárbara, outros pontos de destaque para o mergulho são a caverna das Siribas, os chapeirões do Sueste e o naufrágio do Rosalina, um navio carregador de sacos de cimento, de aproximadamente 100 metros de comprimento e 20 metros de altura, que afundou em 1939 no parcel de Abrolhos. Com profundidades que variam de 10 a 18 metros, o mergulhador certamente irá se deparar com algum badejo-quadrado, frades, cardumes de salemas ou xereletes, uma tartaruga de mais de 1 metro de comprimento, caranquejos ermitões e colunas de corais em formato de arcos, fendas ou salões, que abrigam uma grande quantidade de algas, moluscos, esponjas e corais.
Um bom pedido para o mergulhador turista é passar pelo menos três dias embarcado num catamarã tipo o Horizonte Aberto, comandado pelo francês Jean Pierre Bouzeloc e sua tripulação. “Já tive mais de 20 pessoas à bordo”, diz Jean Pierre, no seu estilo sempre tranqüilo, bem-humorado e disponível. Para quem vem do Rio, uma boa dica é fazer um pacote com alguma escola de mergulho. A Fundos do Mar, por exemplo, faz viagens para Abrolhos nos feriados da Semana Santa e de Finados por R$ 760 parcelados em três vezes. Já o turista que não deseja mergulhar numa aventura submarina pode também optar por conhecer o arquipélago de escuna, ficando hospedado em terra firme, em Caravelas. A Abrolhos Turismo de Caravelas oferece pacotes variados, alguns incluindo o mergulho autônomo e outros apenas o passeio pelas ilhas do arquipélago de Abrolhos..
História e igrejas coloniais em Caravelas
Com aproximadamente 25 mil habitantes, Caravelas é aquela cidade pacata baiana que guarda vestígios de uma herança colonial em cada esquina. Casarões com azulejos portugueses em deterioração e a antiga estação ferroviária, hoje a rodoviária da cidade, são alguns emblemas deste passado colonial. Fundada em 1725, a estação ferroviária, por sua vez, marcou a iniciativa da cidade de se industrializar através do transporte de carvão. Para o turista que irá pernoitar em Caravelas, vale conhecer ainda a casa de veraneio dos pais de Rui Barbosa, um casarão malconservado com porta azul numa rua próxima a pequena Igreja Matriz de Santa Vigênia, construída pelos escravos em 1735.
Caravelas é uma das cidades mais antigas do Brasil. Aldeias de índios povoavam Caravelas antes da sua descoberta em 1503 pela triuplação comandada pelo português Américo Vespúcio. O nome da cidade foi escolhido por causa das caravelas marinhas encontradas nos rios. De fato, Caravelas é cortada por cinco rios, Caribé, Macaco, Cassumba, Gado e Caravelas e é rodeada por manguezais. A população da cidade vive principalmente de pesca e do turismo ecológico e do mergulho em Abrolhos. Antes de embarcar para o arquipélago, vale ainda uma visitinha à Igreja Matriz de Santo Antônio, construída pelos jesúitas em 1750 com óleo de baleia, pedras e areia, que fica na principal praça da cidade, de mesmo nome.
Recomendações do Ibama:
* É proibido o desembarque e o mergulho nas ilhas Sueste e Guarita
· É preciso pedir autorização do 2° Distrito Naval para visitar a ilha Santa Bárbara. As únicas ilhas que o turista poderá visitar são a Siiriba e a Redonda, com acompanhamento de um guarda parque do Ibama
· A caça e a pesca são proibidas
· Evite o uso excessive de sabão, xampu e detergente
· O lixo produzido, mesmo o orgânico, deve ser mantido no barco
· É proibido molestar ou estressar os animais, seja os peixes ou os pássaros
· O mergulhador deverá adotar um controle de flutuabilidade durante o mergulho autônomo e não deve usar luvas
· É proibido dar comida aos peixes
· Fique de pé apenas sobre fundo de areias e não pise nos corais
· Não se pode coletar material do mar (conchas, corais, pedras, etc)
· É bom verificar que a embarcação alugada está credenciada pelo Ibama
I. Onde fica
III. Cursos de Mergulho
Rio de Janeiro:
Fundos do Mar – Rua Sorocaba, 265, sala 205, Botafogo. Tel: 286-0822/9177-9244. Internet (http://www.domain.com.br/clientes/fundo).
Deep Blue – Rua Marquês de Olinda, 18, Botafogo tel: 553-1680/554-8031 e-mail: deepblue@openlink.com.br
Abrolhos Turismo – Praça Dr. Imbassahy, n. 08, Centro, Caravelas. Tels: (073) 297-1149/1332. Fax: (073) 297-1109. Endereço na Internet: http://www.abrolhosturismo.com.br
· Pousada Caravelense - tel: (073) 297-1182. Diárias de quarto duplo : R$ 35 (quarto com ventilador de teto) e R$ 40 (ar-condicionado).
· Farol Abrolhos Hotel Iate Clube – tels: (073) 297-1002/1173. As diárias variam de R$ 50 a R$ 100 durante a alta temporada, podendo ir para R$ 75 a R$ 25, na baixa temporada.
· Em Alcobaça:
Brisa de Abrolhos – tel: (073) 293-2022. Diária para quarto duplo: R$ 40.
VI. Mais informações:
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