segunda-feira, 30 de abril de 2007

Abra os olhos: você está num pedacinho do céu....

Carolina Matos

Não basta só abrir os olhos para se dar conta daquele cantinho do paraíso. Para desfrutar de todas as maravilhas das cinco ilhas do arquipélago de Abrolhos (BA) – Santa Bárbara, Sueste, Redonda, Guarita e Siriba - é necessário estar com todos os sentidos em estado de alerta. Os ouvidos deverão estar antenados para curtirem o barulho relaxante das pequenas ondas de um mar calmo, de águas cristalinas e rasas. A boca cuida dos prazeres da boa cozinha à bordo de algum catamarã ou barco. Mas são os olhos sem dúvida que levam a melhor: tartarugas, corais, chapeirões, badejos quadrados, naufrágio e atobás. Isso tudo sem falar na famosa baleia jubarte, que faz a festa dos turistas e pesquisadores durante julho a novembro, quando procura as águas mornas de Abrolhos para a reprodução.

A beleza natural das ilhas, os pássaros raros (as fragatas, grazinas, beneditinos e atobás), o pôr-do-sol exuberante e a riqueza da fauna marinha de Abrolhos não ficam devendo nada para Fernando de Noronha (RN), o seu rival mais famoso e segundo Parque Nacional do país. Recebendo uma média de 15 mil turistas por ano, as cinco ilhas compõem o primeiro Parque Nacional Marinho dos Abrolhos, criado em 1983, junto com o Parcel de Abrolhos – onde o navio italiano Rosalina, filé mignon dos mergulhadores, afundou em 1939 – e o recife das Timbebas. Área de preservação ambiental do Ibama desde 1987, Abrolhos oferece vários atrativos que valem as 11 horas de viagem de carro para quem sai do Rio de Janeiro em direção a Caravelas, uma das cidades baianas que faz a ligação com as ilhas. Local com a maior biodiversidade marinha de todo o Atlântico Sul, Abrolhos reúne 95 espécies de peixes, mais de 700 baleias jubartes, 16 espécies de corais, inclusive o conhecido coral Cérebro (Mussismilia brasiliensis), os recifes de corais, denominados chapeirões, que crescem no fundo do mar em colunas na forma de imensos cogumelos, além de três espécies de tartarugas.

Engana-se quem espera encontrar pequenas lojinhas de artesanato, pousadas aconchegantes e um mínimo de small town life em Abrolhos. As principais atrações para o turista são proporcionadas pela própria natureza e incluem o mergulho autônomo no mar cristalino de Abrolhos, de temperaturas que variam de 24 a 28 graus, uma verdadeira aventura submarina e uma terapia antiestresse para aqueles que querem descobrir um cativante e novo mundo à parte da agitação da atual era da Internet. Os passeios ecológicos pelas ilhas de Siriba ou Redonda, as únicas permitidas pelo Ibama para a visitação, também são pedidos obrigatórios que completam o prazer do mergulho. Na Siriba, um guarda parque do Ibama recebe o turista para rodar a pé a ilha e conhecer o habitat do atobá branco e das grazinas, espécies de pássaros mais comuns na ilhota. Com o seu bico fino amarelado e com uma lista azul a baixo dos seus grandes olhos esverdeados, o atobá branco é facilmente reconhecível no seu ninho. Tanto o atobá branco como o marrom convivem em paz com as cabras, trazidas pelo homem na década de 70 para abastecer embarcações e agrupamentos da Marinha, dona da principal e maior ilha de Abrolhos, a Santa Bárbara.

Para quem vai para mergulhar – diga-se de passagem, o melhor pedido de Abrolhos, principalmente para os iniciantes -, o Ibama já entrega o seu manual de bom comportamento na chegada do turista á Santa Bárbara, também um dos principais pontos para o mergulho, no local conhecido como Mato Verde. Quem estiver muito ansioso para pisar em terra firme logo de cara é melhor se preparar antes, porque visitas à Santa Bárbara só são permitidas com autorização prévia da Marinha. Depois de pagar uma taxa de R$ 20 para o Ibama, é melhor prestar atenção às regras para o mergulho para depois não pagar mico - ou multa mesmo! Entre as recomendações principais do Ibama, estão a proibição de desembarque e mergulho nas ilhas Sueste e Guarito, o piso nos corais no fundo do mar, a molestação dos peixes e a caça submarina (ver mais no quadro). De fato, a rigidez do Ibama não é à toa: já foram detectados várias espécies de animais em extinção, com os frades e as aves marinhas. As baleias jubarte, por sua vez, já viveram dias piores. Trabalhos de conscientização promovidos por ONGs e pelo Projeto de estudos Baleia Jubarte conseguiram reverter a tendência de extinção das baleias. Se em 1989 contavam-se 150 baleias na região, hoje mais de 700 são identificadas por estudiosos. Durante julho a novembro, quando elas aparecem, é inclusive permitido ao turista fotografar os movimentos acrobatas das baleias, mas desde que seja a uma distância de 100 metros.

Além do Mato Verde na ilha Santa Bárbara, outros pontos de destaque para o mergulho são a caverna das Siribas, os chapeirões do Sueste e o naufrágio do Rosalina, um navio carregador de sacos de cimento, de aproximadamente 100 metros de comprimento e 20 metros de altura, que afundou em 1939 no parcel de Abrolhos. Com profundidades que variam de 10 a 18 metros, o mergulhador certamente irá se deparar com algum badejo-quadrado, frades, cardumes de salemas ou xereletes, uma tartaruga de mais de 1 metro de comprimento, caranquejos ermitões e colunas de corais em formato de arcos, fendas ou salões, que abrigam uma grande quantidade de algas, moluscos, esponjas e corais.

Um bom pedido para o mergulhador turista é passar pelo menos três dias embarcado num catamarã tipo o Horizonte Aberto, comandado pelo francês Jean Pierre Bouzeloc e sua tripulação. “Já tive mais de 20 pessoas à bordo”, diz Jean Pierre, no seu estilo sempre tranqüilo, bem-humorado e disponível. Para quem vem do Rio, uma boa dica é fazer um pacote com alguma escola de mergulho. A Fundos do Mar, por exemplo, faz viagens para Abrolhos nos feriados da Semana Santa e de Finados por R$ 760 parcelados em três vezes. Já o turista que não deseja mergulhar numa aventura submarina pode também optar por conhecer o arquipélago de escuna, ficando hospedado em terra firme, em Caravelas. A Abrolhos Turismo de Caravelas oferece pacotes variados, alguns incluindo o mergulho autônomo e outros apenas o passeio pelas ilhas do arquipélago de Abrolhos..

História e igrejas coloniais em Caravelas

Com aproximadamente 25 mil habitantes, Caravelas é aquela cidade pacata baiana que guarda vestígios de uma herança colonial em cada esquina. Casarões com azulejos portugueses em deterioração e a antiga estação ferroviária, hoje a rodoviária da cidade, são alguns emblemas deste passado colonial. Fundada em 1725, a estação ferroviária, por sua vez, marcou a iniciativa da cidade de se industrializar através do transporte de carvão. Para o turista que irá pernoitar em Caravelas, vale conhecer ainda a casa de veraneio dos pais de Rui Barbosa, um casarão malconservado com porta azul numa rua próxima a pequena Igreja Matriz de Santa Vigênia, construída pelos escravos em 1735.

Caravelas é uma das cidades mais antigas do Brasil. Aldeias de índios povoavam Caravelas antes da sua descoberta em 1503 pela triuplação comandada pelo português Américo Vespúcio. O nome da cidade foi escolhido por causa das caravelas marinhas encontradas nos rios. De fato, Caravelas é cortada por cinco rios, Caribé, Macaco, Cassumba, Gado e Caravelas e é rodeada por manguezais. A população da cidade vive principalmente de pesca e do turismo ecológico e do mergulho em Abrolhos. Antes de embarcar para o arquipélago, vale ainda uma visitinha à Igreja Matriz de Santo Antônio, construída pelos jesúitas em 1750 com óleo de baleia, pedras e areia, que fica na principal praça da cidade, de mesmo nome.

Recomendações do Ibama:

* É proibido o desembarque e o mergulho nas ilhas Sueste e Guarita

· É preciso pedir autorização do 2° Distrito Naval para visitar a ilha Santa Bárbara. As únicas ilhas que o turista poderá visitar são a Siiriba e a Redonda, com acompanhamento de um guarda parque do Ibama

· A caça e a pesca são proibidas

· Evite o uso excessive de sabão, xampu e detergente

· O lixo produzido, mesmo o orgânico, deve ser mantido no barco

· É proibido molestar ou estressar os animais, seja os peixes ou os pássaros

· O mergulhador deverá adotar um controle de flutuabilidade durante o mergulho autônomo e não deve usar luvas

· É proibido dar comida aos peixes

· Fique de pé apenas sobre fundo de areias e não pise nos corais

· Não se pode coletar material do mar (conchas, corais, pedras, etc)

· É bom verificar que a embarcação alugada está credenciada pelo Ibama

I. Onde fica

O arquipélago de Abrolhos fica a aproximadamente quatro horas de escuna ou catamarã de Caravelas. O tempo varia conforme a embarcação. Também há saídas para Abrolhos das cidades vizinhas Alcobaça ou Nova Viçosa. Caravelas é uma cidadezinha no litoral da Bahia, que fica a cerca de 160 quilômetros de distância da divisa deste estado com o Espírito Santo.

II. Como chegar

Para quem vem de carro do Rio de Janeriro, a viagem demora 11 horas, e de São Paulo, 22 horas aproximadamente. Também é possível ir de avião para Porto Seguro (BA) ou Vitória (ES) e depois pegar um ônibus ou van direto para Caravelas.

III. Cursos de Mergulho

Rio de Janeiro:

Fundos do Mar – Rua Sorocaba, 265, sala 205, Botafogo. Tel: 286-0822/9177-9244. Internet (http://www.domain.com.br/clientes/fundo).

Deep Blue Rua Marquês de Olinda, 18, Botafogo tel: 553-1680/554-8031 e-mail: deepblue@openlink.com.br

São Paulo:

Dive Tech - tel: (011) 3871-2130. e-mail: divetech@divetech.com.br

IV. Turismo

Abrolhos Turismo – Praça Dr. Imbassahy, n. 08, Centro, Caravelas. Tels: (073) 297-1149/1332. Fax: (073) 297-1109. Endereço na Internet: http://www.abrolhosturismo.com.br

V. Hotéis/Pousadas

· Pousada Caravelense - tel: (073) 297-1182. Diárias de quarto duplo : R$ 35 (quarto com ventilador de teto) e R$ 40 (ar-condicionado).

· Farol Abrolhos Hotel Iate Clube – tels: (073) 297-1002/1173. As diárias variam de R$ 50 a R$ 100 durante a alta temporada, podendo ir para R$ 75 a R$ 25, na baixa temporada.

· Em Alcobaça:

Brisa de Abrolhos – tel: (073) 293-2022. Diária para quarto duplo: R$ 40.

VI. Mais informações:

Parque Nacional Marinho dos Abrolhos – Praia do Kitongo, s/n, Caravelas. Tel: (073) 297-1111 e-mail: parna.abrolhos@tdf.com.br

segunda-feira, 2 de abril de 2007

Praga: a joía de ouro da Europa Central


Carolina Matos

Praga não pode ficar de fora de nenhuma lista de capitais européias que conjugam charme artístico, beleza arquitetônica e entretenimento inteligente em perfeita harmonia. Os encantos são múltiplos e deixam qualquer turista com água na boca e aquele gostinho de quero mais. Não é raro, por exemplo, entusiasmar-se com uma apresentação à noite de um grupo de coral na ponte de Carlos, um dos mais famosos símbolos históricos de Praga, capital da República Tcheca e ex-Tchecoslováquia. Cidade de Franz Kafka (1883-1924), que cultivava uma relação de magia quase sombria com o lugar onde nasceu, Praga é como aquela mulher madura que ainda mantém o seu charme sereno e cativante dos anos da juventude. Kafka incluisve enveredou-se por uma definição parecida e comparou Praga à uma “velhinha que tem garras.” Já o compositor Wagner a via como “incomparável”, enquanto o poeta alemão Goethe a descrevia como a “mais bonita joía na coroa da Boêmia.” Para o turista, Praga é isso e muito mais: é um banho de história e cultura, é um passaporte de entrada no mundo do Leste Europeu.

Cidade com aproximadamente 1,2 milhão de habitantes, Praga hoje tornou-se um centro da indústria do comércio e de finanças, o que a credenciou a bater nas portas da Comunidade Européia e pedir para ser um membro. Mas é sem dúvida no quesito cultura que Praga pode se orgulhar. Desde 1992, o núcleo histórico – formado pelas antigas cidades independentes do século XVIII, Stare Mesto (Cidade Velha), Josefov (Bairro Judeu), Nove Mesto (Cidade Nova), Mala Strana (Bairro Pequeno) e Hradcany (Castelo de Praga) - foi incluído na lista do Patrimônio Cultural e Natural Mundial da Unesco. A União Européia já outorgou à Praga o título de uma das nove metrópoles da cultura do ano de 2000. Os mais de 26 teatros, 50 museus, 100 galerias, inúmeros cafés e restaurantes e marcos históricos no centro confirmam o prestígio kafkiano da capital tcheca.

Um ótimo começo é visitar o complexo de prédios do Castelo de Praga, que conta um pouco da história do país. O turista pode saltar na estação de metrô Staroméstská, atravessar para o outro lado do rio Vltava e pegar a pitoresca Rua Nerudova em direção ao complexo do Castelo. É bom ficar atento para a seleção de símbolos e emblemas nas casas da Rua Nerudova, como o cisne branco no número 49. A Catedral de St. Vitus é um exemplo de brilhantismo arquitetônico. De estilo gótico, a catedral foi fundada pelo príncipe Wenceslas e tornou-se um lugar de peregrinação depois do seu assassinato pelo irmão em 955. Os trabalhos na catedral iniciaram-se com Carlos IV em 1344, durante a dinastia dos Luxemburgos, e hoje pode-se conferir algumas pérolas, como a capela de St. Wenceslas e o anel de bronze na porta, onde Wenceslas teria se agarrado enquanto morria.

Vale ainda visitar o romanesco Palácio Real, assento dos príncipes boêmios, e conhecer o salão gótico Vladislaw. A famosa defenestração de 1618 aconteceu no Palácio Real. Na ocasião, cerca de 100 nobres protestantes marcharam dentro do palácio e enfrentaram dois governadores católicos, que foram atirados pela janela. O Palácio Sternberg, um exemplo do barroco em Praga, abriga a galeria nacional e reúne uma vasta coleção de arte européia. Outra magnífica construção barroca é a Igreja de St. Nicholas, construída em 1703 e onde Mozart tocou em 1787. Ela é localizada no chamado Bairro Pequeno, ao lado do complexo do Castelo. A Praça da Cidade Velha é um outro charme de Praga. Os seus cafés ao ar livre são convidativos, assim como a Câmara Municipal Velha - uma coleção de prédios de estilo gótico e renascentista - atrai a atenção de milhares de turistas para a procissão, a cada hora, dos 12 discípulos do relógio astronômico. Uma figura que representa a Morte sai primeiro e puxa a corda que carrega na mão direita. Depois duas janelas acima do relógio se abrem e os apóstolos, liderados por Pedro, aparecem. Muitos acomodam-se nos cafés da praça e agarram-se às suas máquinas para tentar registrar a cena. O próximo pedido é visitar a Igreja de Nossa Senhora Antes de Tyn ao lado e contemplar as suas maravilhosas torres góticas.

A ponte de Carlos é outro marco histórico importante. Fundada em 1357 por Carlos IV, a ponte é fortificada por duas torres em ambos os lados (no Bairro Pequeno e na Cidade Velha). Hoje serve de point para performances de rua e venda de objetos de artesanato de artistas tchecos. Para quem quer conhecer um pouco da história da ocupação nazista de Praga e da perseguição aos judeus praguenses, como o próprio Kafka, é bom visitar a Velha Nova Sinagoga e o Cemitério Judeu do outro lado do rio Vltava, atrás da exuberante casa de concerto, o Rudolfinum. Com a ocupação do exército alemão na Segunda Guerra Mundial, Praga passou por quatro décadas de comunismo, tornando-se independente de novo apenas em 1989 com a Revolução de Veludo e as eleições livres. Exemplos clássicos do nacionalismo praguense são o Teatro e o Museu Nacional.

Praga respira sobretudo cultura e carrega um forte legado artístico. Além dos símbolos kafkianos, como a Galeria de Kafka na Praça da Cidade Velha e as lojas que vendem todo tipo de souvernir do escritor do “mal so século”, há inúmeras peças de teatro e shows acotencendo pela cidade. Os jornais bilíngües Prognosis e The Prague Post dão informações sobre os principais eventos, mas vale procurar assistir a alguma apresentação do grupo de Teatro Negro Jirí Srnecs, uma tradição praguense que consiste em atores movendo objetos contra um palco negro sem serem vistos. De maio a junho, a cidade sedia o famoso Festival de Música. No verão, é a vez do Festival de Mozart.

Quando o assunto é comida, Praga também oferece boas opções além dos cafés da Praça da Cidade Velha. O Café Savoy no Bairro Pequeno, por exemplo, onde Kafka costumava freqüentar entre 1910-11, tem um pequeno cardápio de sanduíches a preços razoáveis. É possível ter uma vista maravilhosa de Praga do restaurante Nebozízek, um popular estabelecimento próximo ao Castelo onde pode-se experimentar um pouco da cozinha tcheca, que inclui salsichas, porco, sopas e carnes com uma massa feita de pão e batata como acompanhamento. E para fechar a viagem com chave de ouro, vale ver a bela mulher madura do alto do Parque Petrín e apreciar o seu eterno jeitinho sublime de ser.

Como Chegar

Há vários pacotes para a Europa do Leste e vôos só para Praga:

* Varig – Vôos diários com escala em Frankfurt, Paris e Londres. Na baixa temporada, até 30 de abril, o preço da paisagem sai por US$ 869 (R$ 1.535). Na alta temporada, de junho a julho, o valor é US$ 1.473 (R$ 2.602). tels: 282-1319/534-0333

* A CN Tours Travel faz o pacote da Europa do Leste (Viena/Praga/Budapeste – nove dias e sete noites) por US$ 1.375 até o dia 31 de março. A Air France faz vôos só para Praga por US$ 942, nas terças, sextas e nos domingos. É bom tirar não só o visto para Praga, mas para Budapeste e Slovákia se o turista desejar viajar depois de trem pela Europa do Leste. Tel da CN: 220-4226.

* A Ully Tour também faz vôos para Praga por US$ 799, pela KLM com escala em Amsterdam ou pela Alitália com parada em Roma. Promoção válida até o dia 29 de abril. Tel da Ully: 507-0327/834-7581.

Onde Ficar

Axa – Na Porici 40, 110 00, Cidade Velha. Este hotel de estilo antigo pode parecer decepcionante, mas é central e barato. O bom é a piscina no porão. Preços variam de kc2.000-3.000 por um quarto duplo com café da manhã, de acordo com a temporada. tel: 24 81 25 80.

Kampa – Vsehrdova 16, 118 00, Bairro Pequeno. Antigo arsenal do século 17, o Kampa fica a cinco minutos da ponte de Carlos, escondido numa rua calma, cercada de árvores. Hotel de excelente valor. O preço do quarto duplo mais o café da manhã varia de kc2.000 a 3.000. tel: 24 51 04 09.

Evropa – Václavskí námestí 25, 110 00, Cidade Nova. A extravagância do hotel chama a atenção na Praça Wenceslas. É o hotal mais bonito de Praga, com uma decoração de arte nouveau exemplar. Preços: kc2.000-3.000. tel: 24 22 81 17.

Onde Comer

Peklo (Inferno) – Strabovské nádvorí 1, Castelo de Praga. Um restaurante construído num porão de cerveja do século 12. Comida italiana a preços não muito baratos (acima de kc 500), mas vale a visita.

Nebozízek – Petrínské sady 411, Bairro Pequeno. O restaurante vale pela vista espetacular sobre Praga e pela comida típica praguense. Preços variam de kc 300-500.

Mikulka’s Pizzaria – Benediktská 16, Bairro Judeu. A primeira pizzaria de Praga depois da revolução, Mikulkás é popular com a comunidade estrangeira, mas oferece comida de qualidade a preços baixos, de kc 175-300.

Café Savoy – Vitezná 1, Bairro Pequeno. Pequena seleção de deliciosos sanduíches a preços acessíveis, variando de kc175-300.

Jericoacoara: misticismo e poesia no litoral cearense


Carolina Matos*

O poeta romântico inglês John Keats (1795-1821) já dizia que o belo é um prazer eterno. É difícil cansar a vista com as graciosas dunas à beira da praia, o sussurar do vento e o brilho das lagoas de águas cristalinas no vilarejo de Jericoacoara, a 300 quilômetros de Fortaleza (CE). Há quem diga que as belezas naturais de Jeri são obra divina, ou que lembram ainda cenas de filmes, como o célebre A Ostra e o Vento (1998) de Walter Lima Jr., que explorou a sensibilidade do contato de uma criança com a natureza através da menina Marcela. Não é à toa que a atriz americana Natalia Cigliutti, 21 anos, diz ter visto tanta beleza apenas em movies. “Estou abismada. Achava que lugares assim só existiam em filmes”, revela boquiaberta a morena de pele clara, enquanto admira a imensidão das dunas e o vaivém das ondas em cima de um buggy a caminho de Jeri.

Mas Jericoacoara não é filme hollywoodiano nem cinema nacional. O contemplativo pôr-do-sol na duna grande, a deslumbrante Lagoa Paraíso e o astral relaxado e espiritual do vilarejo são tão reais quanto aquela velha figura literária do humilde pescador que parou no tempo e no espaço. A fusão destas realidades peculiares talvez tenha contribuído para Jericoacoara ganhar o título de uma das dez praias mais belas do mundo, de acordo com uma pesquisa do jornal americano The Washington Post.

O visual caribenho de Jericoacoara parece ter provocado uma febre entre os viajantes de carteirinha. Já deram as caras por lá gente famosa, como a apresentadora Xuxa, a atriz Debora Bloch e o presidenciável Ciro Gomes (PPS). O local também virou meca para publicitários filmarem comerciais. Felizmente para o turista politicamente correto, todo esse frisson ainda não foi capaz de tirar a magia de Jericoacoara, que mantém o seu espírito aventureiro e a sua característica de pequeno vilarejo que resiste ao progresso predatório. Área de Preservação Ambiental (APA) desde 1984, Jericoacoara deve a sua conservação ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama), que impõe restrições para a construção de pousadas e hotéis e impede a circulação de buggys em várias dunas.

Chegada _ Não é demais dizer que Jericoacoara já vale a visita só pela aventura de se chegar até o paraíso. Cantinhos do céu não costumam ser de fácil acesso, e com Jeri a situação não é diferente. Desde novembro do ano passado, no entanto, o vôo diário de Fortaleza a Camocim realizado pela operadora Correta Turismo já facilitou bastante a ida a Jericoacoara. Do avião, o turista já consegue captar as belezas naturais do litoral cearense. É possível observar as dunas e as suas variadas cores – ora rosadas, ora brancas - sentado à esquerda do pequeno Bandeirante bimotor com capacidade para 14 pessoas.

Depois de uma viagem de aproximadamente 50 minutos a bordo do Bandeirante, o turista inicia a aventura pegando um buggy ou um jipe 4x4 com o bugueiro, guia e ex-engenheiro João Sarmento para fazer o translado a Jeri, que dura quase duas horas. É bom admirar as riquezas deste trecho. O percurso inclui atravessar de balsa ou barco lagoas para se chegar à Ilha do Amor e a Tatajuba, e ainda percorrer o litoral a bordo de um buggy, que passa pulando por cima de enormes dunas. É difícil não conter a alegria a cada salto de montanha-russa do buggy, além dos “ahs” de admiração na passagem pelas praias desertas e selvagens. Antes do vôo para Camocim, o caminho para Jericoacoara era bem mais penoso. Um ônibus saia de Fortaleza com destino a Gijoca e só chegava lá depois de seis horas. Depois, um buggy completava o percurso até Jeri.

Pôr-do-sol _ Uma das principais atrações de Jericoacoara é o pôr-do-sol na gigantesca duna logo na entrada do vilarejo. É programa obrigatório de moradores e turistas irem ver o pôr-do-sol todo fim de tarde. As peripécias em cima da duna competem com a beleza da vista para a imensa e calma praia lá em baixo. Há atrações para todos os gostos: desde surfistas de areia até a capoeiristas ou jovens atletas dando cambalhotas no ar durante a descida da duna. A lentidão das ondas, o cantarolar dos grilos e o assobio da brisa - o vento forte mesmo bate de julho a dezembro – completam o cenário paradisíaco de Jeri. Formam um cardápio ideal para quem quer encontrar um refúgio para lavar a alma.

Outra atração cartão-postal é a Pedra da Furada, um arco esculpido pela ação das ondas e que fica situada na região rochosa de Jericoacoara, depois da praia da Malhada. Esta última praia de ondas curtas é procurada para a prática de windsurf no período de julho a setembro, quando windsurfistas de todo o mundo juntam-se para participar da seleção para o Campeonato Mundial. A praia da Malhada é o local preferido dos banhistas, assim como as águas cristalinas das lagoas Paraíso, Azul e Caiçaras, que oferecem uma visibilidade de cerca de 10 metros. Vale passar um dia percorrendo as lagoas, passando pela estonteante Lagoa do Paraíso ao sul de Jeri, que tem 15 quilômetros de extensão e é cercada por pequenas dunas. Mais adiante, o turista chega na Praia do Preá, limite leste da APA e principal referência para a pesca do peixe característico da região, o pargo.

Lagoas _ A caminhada até a Pedra Furada é de tirar o fôlego: passa-se por cavernas, pedras em formato de bichos, como a do jacaré na Praia da Repartição, e por piscinas naturais, como a da Princesa. Lendas populares afirmam que o banho na piscina da Princesa, de 1.70 metros de profundidade, dois de altura e cerca de 1.20 de largura, rejuvenesce as mulheres em cinco anos. A noite de Jeri também não deixa a desejar. Com um ar de cidade de veraneio, o turista pode desfrutar de bons restaurantes e bares em meio a danças de forró no Mama da Égua. Pode-se ainda balançar o esqueleto ao som de reggae e rock no Mama Áfrika, ou ainda comer um crepe acompanhado de uma cerveja no Naturalmente, restaurante de frente da praia. O Barraco do Alexandre, que já pertenceu ao apresentador de TV Olivier Anquier, oferece frutos do mar, o carro-chefe da culinária local. A parada final e obrigatória é a padaria do Seu Antônio, que abre no inusitado horário das 2 horas da manhã para vender pão quente e café para curar aquela ressaca. Em Jeri, é bom abrir bem os olhos para aproveitar a sua beleza eterna.

Com pesca fraca, capoeira e folclore movimentam Jeri

Amarildo Marques Vasconcellos, 27 anos, deu a sua primeira cambalhota de costas na Duna do Pôr-do-Sol aos 12 anos de idade. Desde então, o filho do lendário Seu Antônio da padaria não faz outra coisa todo fim de tarde. Já virou inclusive atração turística da cidade. Amarildo das Dunas, como prefere ser chamado, também dá aulas de capoeira para a garotada de Jeri e elabora performances artísticas com o peruano Tuto Merello, 45 anos, numa curiosa fusão de ingredientes afro-brasileiros com ritmos indígenas. “Não quero praticar capoeira só para turista ver. Estamos estimulando nas crianças o senso de preservação ambiental e ensinando a cultura da capoeira”, insiste Amarildo.

Assim como Amarildo, há vários moradores em Jeri lançando mão da criatividade para construir um significativo espaço cultural no vilarejo em oposição à tradicional cultura da pesca A dona do restaurante Mama na Égua, a gaúcha Cecília Souza Steiner, não se limita a especialidades como o peixe a pargo. O Mama na Égua sedia noites de típico forró nordestino nos fins de semana e também matinés e concursos para as crianças aos domingos.

O artista plástico e dono do bar Doidos Atelier César Pitombeira, 40 anos, é outra figura folclórica de Jeri. Morador da praia da Malhada, a sua “décima praia”, Pitombeira garante que dali só sai para ir para o cemitério ao lado. Enquanto isso, acorda às 5h30 da manhã para trabalhar nos seus quadros abstracionistas, que já foram expostos em Nova Iorque, Itália, França e Alemanha. Outras figuras curiosas de Jeri são a doceira Dona Angelita, 54 anos, que vende doces e cocadas a R$ 1 pela vila vestida com um enorme chapéu amarelo, e o pescador Chico Onório, 70 anos. Acostumado a acordar às 2 horas da manhã para ir pescar, Chico já teve sete mulheres e é pai de 32 filhos. Ele garante que “comparece” toda noite e aponta o caldo do peixe “boca roxa” como o responsável por tanta vitalidade.

Pesca em extinção _ De memória falha e fala mansa, dona Rita José Ferreira, 77 anos, costura calmamente a rede de pesca junto com a amiga Maria Martins de Oliveira, 45 anos, seguindo uma tradição da avó e da mãe, mulheres de pescadores. Nascida e criada em Jericoacoara, dona Rita é neta de um dos primeiros moradores do vilarejo. Quando este chegou em Jeri ainda no século XIX, havia no máximo seis casas. Hoje, Jericoacoara possui aproximadamente 1,500 habitantes e cerca de 60 pousadas. Até 1985, era uma pequena aldeia de pescadores, perdida entre dunas imensas e isolada do mundo. Hoje, Jeri é um dos principais points turísticos do país. Dona Rita é nostálgica e reclama que a pesca e as redes não têm mais tanta importância. “A rede perdeu o valor”, diz, quase em cochichos.

O boom turístico em Jericoacoara começou há dois anos e meio depois da chegada da luz elétrica. Antes, os moradores viviam com lampiões ou velhas dentro de garrafas de plástico para o vento não apagar. No entanto, há pescadores que comemoram os vestígios de progresso em Jeri, como é o caso do pescador Antônio de Oliveira, 50 anos. “Estou me sentindo mais valorizado. Consigo melhores preços e os restaurantes compram”, garante Antônio.

Origens do nome - Embora modesta, Jericoacoara também teve a sua participação na história do Descobrimento do Brasil. Em direção ao noroeste do país, o navegador espanhol Vicente Yañez Pinzón, nascido em Palos em 1460 e integrante da frota que descobriu a América sob o comando de Cristóvão Colombo, descreveu Jericoacoara em 1492 como um “rosto formoso”. O governador geral do Brasil, Gaspar de Sousa, organizou a expedição chamada “Jornada do Maranhão” com o objetivo de combater a invasão dos franceses. Jerônimo de Albuquerque, encarregado da expedição, fundou ao pé do serrote de Jericoacoara o forte Nossa Senhora do Rosário.

Segundo o historiador Pompeu Sobrinho, foi só no começo do século XVII que o nome da vila foi registrado, mas provavelmente já existia no século XVI. A grafia de Jericoacoara também intrigou vários viajantes no século XVII. Seria Jericoacoara, Jeriquaquara ou Jaracoara? Em 1615, o capitão-mor Alexandre Moura, da “Jornada do Maranhão”, fez referência a “Gericoacoara” em seu roteiro enquanto Gaspar de Sousa preferiu escrever “Jaracoara”.

Há três versões para a origem do nome “Jericoacoara”. A origem tupi-guarani, interpretada por Teodoro Sampaio, diz que o nome é proveniente de “ yurucua” (tartaruga) e “cuara” (buraco), ou seja, “buraco das tartarugas”, uma alusão a presença de tartarugas nas águas da enseada de Jericoacoara na época da desova. Alguns pescadores já asseguram que o nome vem do formato do “serrote” (pequena serra ao lado da vila, onde está situado o farol de Jeri), que visto do alto mar assemelha-se a um jacaré deitado, ou “cuarando” ao sol (expressão local). Por muito tempo, Jeri era chamado só de Serrote, depois passou a ser Jericoacoara em decorrência do advento do turismo.

Onde Comer

Naturalmente – As especialidades deste simpático restaurante na enseada de Jeri são os crepes salgados e doces. Os preços variam de R$ 3 a R$ 8. Vale conhecer o Cesinha (catupiry, tomate e manjericão), que sai por R$ 5.50 e o doce Mila (chocolate, banana e sorvete), por R$ 5.50.

Espaço Aberto – Pratos de R$ 20 podem ser divididos por duas pessoas. As especialidades são o econômico peixe ao molho verde (a base de abacate com ervas), que sai por R$ 9, e os pratos com camarão, que variam de R$ 20 a R$ 25.

Mama na Égua - Este espaçoso e animado restaurante à beira mar ofecere pratos típicos da região, como o peixe inteiro frito, o pargo, (com arroz, feijão, salada e farofa) por R$ 12.00, tamanho médio, e o famoso moqueca de arraia, que sai por R$ 6.00.

Pousada e Restaurante do Paulo - Localizado em frente a bela Lagoa do Paraíso, as especialidades deste restaurante são o peixe no limão (frito com conhaque e ervas aromáticas) por R$ 17.00, e o assado no forno com verduras, que sai por R$ 18.00.

Onde Ficar

Pousada Papagaio - Esta pousada na Rua do Forró é bastante aconchegante. Tem piscina e um pequeno jardim, quartos com frigobar e ar-condicionado. Diária para casal com café da manhã sai por R$ 60,00. tel: (88) 621-1144

Pousada Ibirapuera - Eleita uma das melhores e mais caras pousadas de Jeri, a Ibirapuera fica na Rua São Francisco e oferece quartos duplex com ar-condicionado. A diária de um quarto duplo com café da manhã é R$ 80,00, na alta temporada, e R$ 60, na baixa. tel: (88) 961-5544

Brisa do Mar - Mais distante do centro de Jeri, esta simples pousada e bar fica em Tatajuba, no caminho para o vilarejo. Quartos simples saem por R$ 10,00 a diária.

Pousada das Dunas - Com vista para o mar e para as dunas do pôr-do-sol, esta pousada situada na Rua da Dunas tem quartos com ar-condicionado e frigobar. A diária para quarto duplo com café da manhã na baixa temporada sai por R$ 50,00 e na alta, R$ 70,00.

Como chegar

Jericoacoara fica na costa nordestina brasileira, no estado do Ceará, a 300 kms de Fortaleza e 30 de Gijoca. Pode-se pegar um avião do antigo aeroporto de Fortaleza para Camocim e de lá pegar barcos e um jipe 4x4 para percorrer o litoral em direção a Jeri. É possível também pegar um ônibus na Rodoviária de Fortaleza para Gijoca, e de lá pegar um buggy para Jericoacoara.

Pacotes

CVC – Pacote de quatro noites em Fortaleza e três em Jericoacoara (hotel e pousada), incluído vôo de Fortaleza a Camocim e transporte até Jeri pelo litoral, a partir de R$ 1.038,00 ou cinco vezes R$ 207,60. Este preço vale para maio e não inclui feriados. Jatos da TAM, F-100 e A-319. Tel: 224-4020.

Panexpress – Pacote de quatro noites em Fortaleza e três em Jericoacoara (hotel e pousada), incluindo transporte aéreo. À vista, sai por R$ 1.119,00 ou seis vezes de R$ 187,00. Saídas até o dia 23 de junho (exceto fins de semana e feriados). Vôos da Transbrasil e Varig, entre outros. Tel: (011) 259-8100/3266-6822.

TAM Viagens Só ofereceu os preços via São Paulo. Até o dia 30 de junho, o pacote completo de três noites em Fortaleza e quatro em Jericoacoara, ou vice-versa, incluindo transporte aéreo (Fortaleza-Camocim), hotel e pousada, sai por R$ 1.363,00 por pessoa (quarto duplo) e R$ 1.663,00 individual (terças, quintas e sábados), e R$ 1.313,00 duplo e R$ 1.613,00 individual nas saídas das segundas-feiras. Tel: (011) 3120-2639/2742/2829.

Correta Turismo (Jericoacoara de avião) – O pacote econômico inclui o bilhete aéreo (Fortaleza/Camocim/Fortaleza), hospedagem com café da manhã em quarto duplo, guia local e tours pelas praias (R$ 434,00 por uma noite) e R$ 645,00 por sete, podendo ser parcelado em três vezes. O pacote completo inclui mais passeios, como tours pelas praias de Tatajuba e Mangue Seco (R$ 452,00 por uma noite) até a R$ 769,00 por sete. Tels: (085) 227-3288/272-3883.

Where’s the man? - Repressing Traditionalism, Liberating the Female and Re-thinking Gender in Absolutely Fabulous


Carolina Matos

Gender debates in the academia are still highly influenced by psychoanalytical theory. Although references will be made to some debates, I intend to adopt a cultural approach towards gender representation in Absolutely Fabulous (BBC, 1992-1995) that values the genre’s characteristics (i.e. satire), its Camp aesthetics and the influence on the series of consumerist culture. The relevance of Absolutely Fabulous to this study of gender is the complex combination that the series makes between the representation of gender ambiguities and the celebration of consumerism, incorporating a further criticism of the status quo.

These elements interact complexly within a mixture of social satire, theatricality, agitation and exaltation of individualism. It will be argued that Absolutely Fabulous represents gender as fluid (i.e. the ambiguity of Patsy) and also dependent on economic forces and consumerist choices (i.e. the upper-class privileged Edina and Patsy can afford to ‘buy’ men, as well as products and therapies to satisfy their ‘femininity’). Gender ambiguity also mocks traditionalism, conservatism and patriarchy.

Kirkham and Skeggs (1998;287-297) have explored the series’ conjunction of femininity and feminism, reserving little place for the ‘male’, traditionally the dominant ‘sex’ in the genre of comedy. It is crucial to ask to what extent the ‘dominant comic male’ is given a minor role or not in Absolutely Fabulous and how this permits us to ‘read’ him and the series in terms of gender representation. Is this comedy stereotyping the male and not the female, or is it rejecting male role stereotyping and conventional masculinity? If so, what does this say about gender representation in a consumerist society?

This essay will emphasise the role of the neglected male, concentrating on ‘alternative readings’ that can be made in relation to the traditionally ‘straight’ one associated with the ‘white-male-middle-class’ (i.e. readings of gender ambiguity in film noir (Dyer;1993) have challenged mainstream ‘straight’ interpretations). Representations of ‘minor’ characters will be my focus: Saffy’s (Julia Sawahla) boyfriend Paolo (Tom Hollander); her father Justin (Chris Malcolm) and his boyfriend Oliver (Gary Beadle), and Edina’s (Jennifer Saunders) first husband, Marshall (Christopher Ryan). Patsy’s (Joanna Lumley) ambiguous figure is also crucial for this analysis.

The episodes which are rich in representations of gender ambiguity and appear linked to a consumerist culture are two from the second series, Death and Morocco (1994); two from the third, Happy New Year and Sex (1995) and The Last Shout - parts 1 and 2 (1996), although there will also be references to other episodes. It is necessary first to situate the female in relation to the male in this comic text, before moving on more thoroughly to the analysis of masculinity.

Satire, Theatricality and Hedonism: Situating the ‘Comic’ Female

According to Kirkham and Skeggs (1998;288), Absolutely Fabulous had its origin in the independent comedy circuit in Britain. The American comedian Ruby Wax (script editor of the series) had the idea for the programme. Directed by Bob Spiers and written by Jennifer Saunders, a total of three series (six episodes each) and two final specials were shown on television from 1992 to 1996, first in a mid-evening shot (9.30-10.00p.m) on BBC2 as a ‘quality comedy’, attracting 10 million viewers. Its popularity permitted it to move to BBC1, reaching 11 million people. After the final series in 1995, two special episodes were shown on BBC1 in November 1996.[i][i]

This satirical series focuses on four female characters from three distinct generations - Edina Monsoon (Saunders), the best friend Pasty, the daughter Saffron and the Mother (June Whitfield), drawing much of its humour from issues which may be labelled as ‘feminine’; the preoccupation over body fitness, old age, female friendships, family and sexual relationships. Absolutely Fabulous’ major ‘joke’ centres around the idea of a woman ‘behaving badly’ and not adapting herself to morality and social conventions.

Humour is exploited mainly in ‘non-feminine’ and anti-patriarchal themes, such as female promiscuity, devaluation of the nuclear family and the traditionally strong attachment of the mother and daughter relationship, all of which challenge the ‘domesticity’ of the traditional sit-com and the predominance of men in British comedy.[ii][ii] Laraine Porter (1998;66) has pointed out the ‘comic stereotypes’ of women used in the traditionally ‘male’ narratives, such as the ‘exaggerated dumb blonde’, the ‘naggy wife’ and the ‘ugly hag’. In Absolutely Fabulous, the ‘numerical’ superiority of the women over the men and their character importance is an evidence of female empowerment, which permits the women to misbehave and to engage in role reversals, creating humour out of ‘non-feminine’ representations and situations.

In spite of Saffy (‘the normal’) and the Mother (‘the old hag’), the series rejects traditional ‘comic female stereotyping’ through Edina and Patsy. Loud, aggressive, agitated, critical, snobbish and consumerist freak, Edina is the embodiment of both the series’ shifts between feminism and femininity as she is the caricature of the New Age hippyish ‘70s and the materialistic ‘80s. Joanna Lumley’s star persona, constructed through parts such as the sexy Purdey of The New Avengers (1976-1977) in the ‘70s and as one of the Bond girls, has guaranteed her a place in the imagery of British male sexual fantasy.[iii][iii] Aristocratic, alcoholic and futile, Patsy has gained humour to both mock and celebrate with Edina ‘70s hedonism with ‘80s/’90s consumerist pleasures. Lumely’s past roles as femme fatale and her personal support for the Conservative party has resulted in a match of sexuality and aristocracy in Pasty, with the intelligent comic element added to this mixture.

According to Kirkham and Skeggs (1998;289-292), the series’ originality ‘lies in the mix of comedic devices, such as visual, verbal and physical humour,….with the comic traditions of disruption and burlesque.’ The visual humour is represented both in Edina’s extravagant clothes as well as in her partying, drinking and her theatrical scenes with Patsy. Physical humour is manifested less through slapstick jokes and violence, and more through the misbehaving of the two women (i.e. in the Birthday (1992) episode, Edina mistreats the guests at her own party).

Despite being considered ‘alternative comedy’, the format of the series is of a typical sit-com (23 to 30 minutes narrative), with regular characters and setting (Edina’s London house, office and holiday places like the Alpes, France and Morocco), relying on the traditional theme of the disruption of an order that is restored in the end. However, Absolutely Fabulous rarely reaches a closure (Kirkham and Skeggs;287-297). When it seems that Edina and Saffy are going to make up, an egoistic pleasure springs up to muddle things up again. Absolutely Fabulous also uses constantly flashbacks to explore the characters’ state of mind.

According to Neale and Krutnik (1990;236), much of alternative comedy relies on ‘character realism’ and anecdotal jokes, which is Absolutely Fabulous’ main source of humour. It is through characterisations that the females are defined by what they are (i.e Patsy and Edina as immoral and irresponsible in contrast to the rightness of Saffy) and the males by what they are not (Justin, not the caring, authoritative, ‘straight’ white-collar father of Saffy; Marshall, not the male who has control over the women in his relationship; Paolo, not the white-middle-class family man he would like to be and Oliver, not the stereotype of the black homosexual).

A sense of ‘triviality’ is also a major aspect of the series - by this I mean the tendency to devalue and give little importance to social and cultural aspects of reality. It rejects seriousness and flirts with Camp, as manifested by its emphasis on theatricality, style and exaggeration, elements which have been mapped out by Susan Sontag (1961,1990;275-292) as characteristics of Camp. The name Absolutely Fabulous in itself exalts style over content. The parody of the fashion and media world, with its excesses and futility, is a proof of the series’ stylistic inclinations. Many episodes emphasise theatricality and style, either through a thematic approach (i.e. the episodes Fashion and Magazine (1992) from the first series deal with the stylistic fashion world) or through performance (i.e. in the Morocco (1994) episode, Edina falls on the carousel in the airport and in Death (1994), she falls on her father’s grave).

Absolutely Fabulous’ form of satire is ambiguous, for it mocks the hypocrisy of the upper-class world while also making champagne and money desirable for women who are excluded from this ‘elite club’(Kirkham and Skeggs;1998). Episodes such as Fashion, Magazine, Jealous (1995) and The End (1995), which concentrate on the fashion theme, combine moments of excitement and celebration (i.e. in the Jealous episode Edina is surrounded by celebrities like Naomi Campbell in the PR Awards evening) with disillusion and mockery (she ends up losing the award and falling on top of the garbage outside).

The series focuses also on parallels between the characters, in the contrast between the ‘carnivalesque’ and colourful ‘outfits’ of Edina in opposition to the boring clothes of Saffy. It also relies on ‘quick put-downs, sharp and often vituperative satirical stabs, verbal deflations…(Kirkham and Skeggs;289-290). There is a lot of double comic acts, between Edina and Saffy, Edina and her mother, Patsy and Saffy (p.290). In the Magazine, Hospital (1994) and Door Handle (1995) episodes, for instance, Saffy and Patsy are jumping on each others throats, whereas in episodes such as Death and Birthday (1992), Edina and her mother exchange ironies and verbal deflations.

Nonetheless, the question of where the male stands within this text remains to be debated. It is the empowering of the female, though, that has permitted hedonism, theatricality and social satire to flourish through the characterisations of Edina and Patsy as women who behave badly, who live for pleasure and ‘make a spectacle of themselves’, mocking the status quo in their unconventional behaviour. The use of role reversals (i.e. Saffy is like a mother to Edina) is an element that also allows the representation of gender ambiguities and which finds in the empowering of the females a space of performance. It is to these role reversals and to the representation of ‘conventional’ masculinity in relation to the female world that I turn to in the next section.



[i][i] The BBC’s head of comedy entertainment, Jon Plowman, explained the success of the series in an interview to James Rampton in The Independent (07/12/96) by stressing that Saunders had brought to television ‘some female silliness, and there wasn’t a lot of that sort of stuff around..’ According to Laraine Porter (1998;65), women in classical narratives from the 30s to the 80s in British comedy have been underrepresented, not only numerically, but also in terms of narrowness of their comic roles. The advent of ‘alternative comedy’ definitely inaugurated a new era of women’s ‘silliness’ on television, through female comedians such as Dawn French, Jo Brand and Saunders herself.

[ii][ii] John Cleese and Stephen Fry are some of the famous ‘male’ comedians. Most British comedies have tended to centre on the family (i.e. George and Milfred (Thames, 1976-1979) and more recent ones have focused on ‘males’ misbehaving, like The Young Ones (BBC, 1982,1984) and Men Behaving Badly (Thames, 1992-1994, BBC, 1994-).